Monólogo do Homem Arrependido com o Divino Passarinho

O homem que percebeu a tristeza
no canto de um Sabiá enclausurado,
um dia, sinceramente envergonhado
perguntou ao passarinho:
- Que crimes tu cometeste
para estar preso, Passarinho?
Roubaste as migalhas de pão
ou o fubá do moinho?
Isso tudo é irrelevante,
meu amigo Passarinho.
Onde se encontra essa lei?
Em que livro ou pergaminho?
Deus é teu pai criador
e São Francisco o teu padrinho.
Blasfêmia é anular o voo
do divino Passarinho.
Alongue tuas asas ao sol,
respeitável Passarinho.
Não bebes mais água de poço
nem comes mais no cochinho.
Vais viver tua vida de artista,
cantar e fazer teus ninhos.
- Abro a porta da gaiola...
Vai-te embora Passarinho!

Nenhum comentário:

Postar um comentário