Poema de Tanta Gente - Julio Cesar Gentil

Ao longo da minha vida eu andei por lugares e conheci muita gente que já esqueci e outras tantas que lembro sempre.
Eu já andei de ônibus lotado e comi os quitutes mais medonhos pelas ruas gordurosas; eu conheci muita gente: gente com dente e gente sem dente, gente bonita por fora e gente feia por dentro, gente que ajuda gente e gente que pisa na gente.
Eu aprendi a enxergar nessa gente, o bem e o mal que é posto em mim e moldou, pouco a pouco, a forma humana do louco na gente que eu já conheci.

À Cerveja - Julio Cesar Gentil

Alva espuma de uma loura inclinação,
combustão dos gases confluídos...
Um homem te carrega ao meu pedido,
vários outros têm por ti adoração.
Despertas meus desejos absortos
quando tocas gelada a minha boca,
extasias meus sentidos com teu gosto
e atiças com loucura a fúria louca.
Envolve-me o teu brilho no vitral
das garrafas coloridas, reluzentes...
Expostas de maneira escultural
pelos bares, pelas mesas atraentes
ao convite de poder saborear
o lúpulo, o malte e a cevada,
na doçura de uma flava fonte amarga
que borbulha e borbulha... A borbulhar.
Tua espuma refrigera o meu calor,
eteriza todo o pensamento
que se abranda frente ao teu sabor
e aprecia a delícia do momento,
que nutre com sentido etilizado
a força que me deixa inebriado.

Nozes e as Ostras - Julio Cesar Gentil

Nozes e ostras conosco e outras ostras.
Ostras e nozes, prepara-se com outras nozes para nós.
Nós esperamos a sós pelo gosto crocante da noz.
A gula dentro de nós traz à mesa gordas ostras e noz.
Tudo isso para nós?!
Nobre noz a encher a madrepérola de outras ostras
que vão ao forno com queijo e, na delícia de um beijo,
são servidas para nós.